sábado, 5 de maio de 2007

Máscaras! Subjugação Social!

...decidiu acabar a aventura com o senhor Amado. Chamou-lhe desabafo sentimental e partiu numa nova descoberta. Seria Jacques agora o seu mundo? Não sabia e de certo modo esperava nunca obter resposta a esta pergunta. Alex era agora feliz. Parecia feliz. Tinha descarregado a carga que transportava e sentia-se um verdadeiro homem por isso. Tinha razões para tal. Perdera a sua máscara ou pelo menos havia-a tornado mais transparente. Ninguém perde completamente a máscara que usa. Limitamo-nos apenas a deixar algum espaço que acolhe a luz freneticamente de forma dissimulada. As máscaras que escolhemos usar no dia-a-dia, prendem-se com o tempo ao verdadeiro rosto. Passam a ser tão próximas que se confundem. Alex não libertara a sua máscara, portanto. Limitara-se a deixar que alguém olhasse para uma parte do rosto que levara uma vida inteira a esconder.
As máscaras são um símbolo gigantesco da condição humana. Fazem parte de todas as culturas e assumem papéis de destaque nos mais variados rituais. No nosso actual quotidiano foram remetidas para a festa pagã do Carnaval. Essas são as máscaras que alguns não podem ter. As máscaras de todos os tempos são a camuflagem que cada um usa para esconder a sua verdadeira essência, como consequência directa da competitividade de quem vive em sociedade. As máscaras que escondem a verdadeira essência não são apenas psicológicas. Até as roupas são uma máscara no mundo superficial em que vivemos. Podemos ser um nojo, mas se estivermos bem vestidos conseguimos entrar nos sítios considerados de mais elegantes e “exquisit”. Superficialidade e futilidade. Talvez as grandes máscaras sociais do nosso tempo. Os rituais ditos civilizados já não conseguem passar sem estas máscaras. A superficialidade, a futilidade, a falsidade e o cinismo são máscaras impingidas por um todo e ai daquele que se atrever a erguer a sua voz bem alto para condenar estes princípios! Os princípios que são máscaras, são também uma necessidade atenta e inata na nossa evolução. Estas máscaras chegam a ser de tal forma unas com o rosto inicial, que quem as usa acredita ser feliz. Na sua imensa pequenez acreditam ser felizes. O ridículo a que chegámos. Ouvir dizer uma das chamadas “tias”, em pleno horário nobre televisivo, que os livros de etiqueta e boas maneiras deviam ser obrigatórios. Ri-me à gargalhada. Tão “tias” e tão badaladas e no fundo tão pobres de espírito. E existem pessoas que as seguem, como se a sua vida dependesse disso. Ainda mais pobreza de espírito. Vivemos num país pobre. É natural. A pobreza de espírito favorece as grandes diferenças sociais. De um lado os mentores da pobreza de espírito, abastados e convictos que um brasão lhes confere um lugar no plano superior, do outro os seguidores ingénuos – pobres de espírito e de carteira. A meu ver os primeiros ocupam o plano mais inferior de todos na condição humana, pois subjugam os outros a uma condição de inferioridade inexistente nos planos superiores. Não me admira nada que a criatividade brote naturalmente das classes inferiores. Os revoltados têm a seu lado o trunfo da pergunta constante, sendo como tal o expoente máximo da criatividade. Muitos poderão considerar que também existem excelentes criativos na classe superior. Pois existem! O marketing social ainda funciona no nosso país, em virtude da pobreza espiritual...

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